Ao mundo fui chegando, alheio ao momento
Com choro estridente
Sem o mínimo de entendimento,
Num cenário diferente
Naquele período sem encantamento.
De olhos ainda fechados;
Pois, bom mesmo era não enxergar
Aquele pano de fundo abstrato,
Em disfarce, à vista
De um exaltante realismo cruel,
Feito pinceladas carregadas, Rubras,
Mescladas de cinza chumbo: Em ações bárbaras
Dos tempos sombrios.
Os filetes geométricos: Horizontais e verticais Insistiam em ficar à frente
Dos intelectuais
E ativistas culturais,
Suprimindo
Garras do conhecimento, Tornando-os em pontilhismo;
Não ao estilo de Seurat!
Mas ao pontilhismo insano A estanho irracional.
Até que,
Em expressionismo gritante,
Manifestam os horrores dos porões
Que deixaram cicatrizes sem marcas De profundos cortes na alma
Em figurativismo perfeito.
O estridente choro,
O sorriso pela vida… Atentam-me também, Àquele,
E a todos os momentos vitais.
INÁCIO CORDEIRO -POETA E ARTISTA PLÁSTICO