Em Santa Maria da Vitória vive um artista plástico chamado Jairo Rodrigues. Toda vez que nos encontramos tenho a sensação de ficar frente a frente com um apóstolo que saltou de uma história bíblica para iluminar o sertão com suas cores, suas nuvens e seus enigmas.
Na cidade de Santa Maria da Vitória, nas margens do Rio Corrente, em frente ao santuário, ao Porto Calendário, vive um artista plástico chamado Jairo Rodrigues. Ele é um arquiteto de paisagens e suaviza a aspereza do sertão, a solidão do semiárido nordestino com seus pinceis e suas cores e suas tintas.
Em Santa Maria da Vitória vive um artista plástico que elabora primaveras no sertão, planta árvores verdes onde o cinza da seca quer, por meio da força, se impor. Com seu infinito amor pelas carrancas do mestre Guarany, Jairo inventas cores novas para novas estações que brotam do seu talento e da sua criatividade.
Um poeta, um artista, um inventor de labirintos e emoções.
Jairo sabe que, pouco importam os obstáculos, as pedras no caminho, nada nos impede de transformar os sonhos em realidade por meio da arte. A arte de fazer arte. A arte de viver. Viver a arte. A arte.
Mesmo que o mundo esteja cada vez mais cruel, que o egoísmo erga sua voz além de nossas forças, seguiremos o nosso caminho, continuaremos carregando o estandarte da poesia e dizendo, ainda que seja para ninguém ouvir, que resistiremos. Afinal não nos resta outra saída. A única saída que temos é resistir. Correr da luta, jamais. Nascemos no sertão mais profundo para isso, nos foi dada a sina dos candeeiros, dos fogões de lenha, das solidões mas tenebrosas mas, sobretudo nos foi dada a capacidade de resistir iguais aos cajueiros na paisagem, os jatobás, os buritizais, a aroeira e as bromélias. Resistiremos acreditando na justiça, na solidariedade e na busca permanente e incansável de um mundo mais digno e mais justo para todos. Esta é a missão da arte que professamos.
Por tudo isso, para mim é muito importante dizer neste texto que eu tenho um amigo chamado Jairo Rodrigues, na cidade de Santa Maria da Vitória, um arquiteto de nuvens, um inventor de enigmas. Um simbolo da resistência sertaneja. A arte, igual ao Rio Corrente, é uma estampa que ele carrega nos olhos, nas cores, tornando mais leve a vida pesada de seres tão semiáridos. Grande artista, grande amigo, queria eu ter mais palavras para falar da beleza que teu coração jorra na alma de quem vive no sertão.