Gerado perto do gerais,
no interior do Oeste,
Gerô admira peças retrô:
motos da segunda guerra
(tipo Alemanha de Hitler);
fotos antigas,
de velhice de pé de serra;
coleção completa dos Beatles;
filmes de Durango Kid.
Gerô olhou o retrovisor
da motocicleta retrô
pra ver o que via
no passado pretérito
mais perfeito:
charrete Belle Époque,
charutos de Churchill,
óculos de Lennon e Joplin.
e, do Deep Purple, Child.
Com seu rayban no retrô,
Gerô foi ao avô do rock in roll;
foi com as retinas cansadas
que enxergou o arco íris
de Jimi Hendrix,
e, de Morris Albert, Feelings.
II
A geração de Gerô,
se bem andou,
e não em transporte aéreo,
se bem andou
(e não foi de Rural
nem de Chevette)
foi a quatro patas,
em uma charrete.
Clareou em Gerô a ideia
de pôr a mão na rédea
e passear pela cidade
movido a tração animal
de um cavalo puxando
sua charrete.
As mãos de Gerô
seguram as rédeas
do cavalo na charrete,
enquanto ouve,
mascando chiclete,
I Wanna hold your hands
Eu, de longe, vendo-o,
seguro esse poema,
sem rédea,
que homenageia
esse homem,
barreirense da gema.
III
Gerô, na beira
da barranca,
admirando a fluência
do rio Grande,
aprendeu com o
professor Orlando
como flui o inglês.
De noite, aula
de inglês com Orlando;
na manhã de domingo,
vendo fluir o rio Grande,
ouvia dos Beatles:
“I wanna hold your hands”
Enquanto Gerô se planta
na ponta da barranca,
na outra ponta desponta,
sem ficar de molho nem
pôr nenhuma banca,
o amigo antigo Pinta.
Da memória de Gerô
nada escapa ou foge.
Ele então pendura
um alforje de caçador,
e parece que vai caçar
algo que não lhe foge
nunca da memória:
o livre amigo, solto
na larga da cidade,
Jorge.
IV
Gerô, na beira
da barranca,
admirando a fluência
do rio Grande,
aprendeu com o
professor Orlando
como flui o inglês.
De noite, aula
de inglês com Orlando;
na manhã de domingo,
vendo fluir o rio Grande,
ouvia dos Beatles:
“I wanna hold your hands”
Esse Gerô que
foi gerado no útero,
resultado do encontro
do sêmen de um macho
com o óvulo de uma fêmea,
também é fã do ator
Giuliano Gemma.
Clerbet Luiz