O Mural do Oeste conversou nesta semana com o baixista Luís Santos, 44 anos, natural da cidade de Correntina, no oeste baiano. Luís integrava a banda da cantora Marília Mendonça, que morreu nesta sexta-feira (5), na queda de uma aeronave em Caratinga, Minas Gerais. O músico falou sobre o início da sua carreira, sua mudança de Correntina para Goiânia, abordou também a sua relação com a cantora Marília Mendonça e o produtor Henrique Ribeiro, além de explicar como a banda que acompanhava a cantora foi informada sobre o acidente.
”Sou filho de pais cristãos, cresci na igreja e sou da cidade de Correntina/BA. Minha herança musical veio através do meu pai, ainda pequeno. Aos 21 anos migrei para Goiânia para tentar uma vida melhor, isso foi em 1998. Chegando aqui, ainda trabalhei com coisas de outros meios, antes de ingressar na música. Meu primeiro trabalho como músico foi na banda Balança Coração, onde me tornei guitarrista. O tempo passou, trabalhei em outras bandas como: Swing Brasil, Nechivile, Rosas do Vento, banda Mandala, Rony e Max e etc. Tive que me tornar baixista da noite pro dia, na banda Nechivile, pois o baixista que tinha na época, tinha desistido do projeto, então cai de cabeça no contrabaixo, estudando, me dedicando, pra ser o baixista que sou hoje. Durante meu período com a banda Swing Brasil, contribui muito com meu trabalho, fazendo direção musical, cuidando de repertórios e etc. O empresário da banda, então, entrou no projeto do Cristiano Araújo, e meu nome foi cotado para ser baixista do esquema, e foi assim que ingressei na banda do Cris, o que me trouxe até aqui hoje”, iniciou Luís.
Questionado pela nossa reportagem, o músico explicou como foi a transição para o trabalho com Marília Mendonça, como ele e os músicos receberam a notícia do acidente aéreo e falou sobre a personalidade da cantora.
”Quando o Cristiano Araújo veio a falecer, o projeto da Marília estava nascendo, e fomos cotados para ele, e lá ficamos do início, agosto de 2015, até o último show de sua vida. De início, chegou a nós a informação que tinha acontecido um imprevisto com o avião da Marília, porém ninguém tinha certeza de nada, cheguei a pensar que tivesse sido um pouso forçado, uma derrapagem, algo do tipo. Então começamos a acompanhar pela impressa, e assim ficamos sabendo do ocorrido. Marília era muito autêntica, uma pessoa muito inteligente. Era impressionante uma pessoa naquela idade, ser tão madura. Convivíamos com muito amor e alegria todos juntos, nunca tivemos barreira nenhuma em relação a ela, ela amava a sua equipe, assim como nós a amávamos”, afirmou o baixista ao Mural do Oeste.
Luís Santos compartilhou em suas redes sociais diversos registros com o também baiano, Henrique Ribeiro, produtor-geral da equipe que acompanhava a cantora Marília Mendonça e uma das vítimas do acidente. O músico afirmou conhecer Henrique há mais de uma década.
”Trabalhei com o Henrique durante basicamente 11 anos, ele também foi nosso produtor no Cristiano Araújo, e ingressou na Marília junto conosco. Nossa relação era muito boa, de amizade e companheirismo. Henrique era um cara sempre disposto a ajudar, e me ajudou muito em diversas vezes. Eu costumava chamá-lo de melhor produtor do Brasil, pois era isso que ele era”, comentou Luís
Perguntado se o acidente e as perdas deixaram algum ensinamento, o músico de Correntina afirmou que ainda levará um longo tempo para assimilar os acontecimentos.
”Sempre fui muito envolvido com o mundo espiritual, tentando entender pelo menos um pouco do que ele tem pra oferecer, mas infelizmente lidar com a morte é como caminhar nas nuvens, sonhando e de repente você acorda e a realidade é completamente diferente daquilo que você gostaria. Não tem explicação o que a gente sente, acho que pra assimilar tudo isso ainda levará um longo tempo”, finalizou Luís Santos.