POEMA DE ROBERTO DE SENA
Dedicado à Carmélia da Mata que me disse essa linda frase “Eu e minha dor” e o poema nasceu
Eu e minha dor somos indivisíveis
nascemos do coração do fogo azul
e ardemos em silencio conversando uma com a outra
eu e minha dor
Não reparto a minha dor com ninguém
nem com meus filhos.
caminho pela cidade, aceno pros amigos,
e levo nos olhos o brilho intenso da esperança
mesmo que minha dor esteja comigo
e seja intensa e tão longa quanto a BR de Barreiras para Salvador
Eu e minha dor nos trancamos em nós mesmas
nas gavetas do nosso mais profundo abismo
As pessoas que me agridem,
As que falam mal de mim
eu não as escuto, eu não as vejo
Ergo meu escudo e me defendo do veneno das bocas.
Mantenho me altiva, mastigo pedras mas tenho olhos de nuvem
Eu sou esta mulher que pode até ter medo mas não confessa,
Não se entrega e não entrega ninguém
não entrega ninguém e tenta compreender a alma humana
a transformação das pessoas quando tem dinheiro e poder
Mesmo quem tem dinheiro e poder não pisa em mim pois tenho a alma protegida
e não me deixo humilhar por 30 dinheiros.
sei entrar e sair de qualquer lugar
sei esperar o momento certo e não sei ser covarde
Assim sou eu e minha dor
por isso estamos sempre juntas
e caminhamos de mãos dadas
sem que ninguém perceba.
Só eu e minha dor.