Pesquisas divulgadas nesta quinta-feira, 19 de março, mostram que 44% da população brasileira é favor da cassação do mandato do presidente Bolsonaro. É um número que vem crescendo e se consolida com rapidez por conta da percepção do público para a, cada vez mais clara, incapacidade do presidente de governar o País.
Essa percepção já vinha se disseminando mas se aprofundou com a falta de postura de Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus. Ao invés de fazer como os chefes de outras nações, que tão logo tiveram noção do tamanho do problema, foram para a linha de frente e tomaram as medidas necessárias buscando minimizar os danos. Bolsonaro fez, justamente, o contrário: desprezou o que diziam os especialistas e colocou em risco a saúde pública ao sair do isolamento e ir para rua cumprimentar aliados que faziam uma manifestação em favor do governo e contra a democracia. Naquele momento o presidente descumpriu todos os protocolos médicos.
Não satisfeito continuou a dizer que o Coronavírus era uma histeria, uma fantasia, e por ai vai. Vê-se agora que o caso é muito grave e o povo assustado vive recolhido em seus lares com medo da doença. Os casos pipocam em praticamente todas as regiões do Brasil e, mesmo assim, o presidente durante entrevista coletiva, disse para ninguém se surpreender se ele decidir entrar em um metrô ou num ônibus lotado. O caldo entornou e a população perdeu de vez a paciência. As panelas bateram de norte a sul do Brasil e o trono do presidente pode, se ele continuar com a mesma postura, se tornar uma cadeira elétrica. A luz vermelha acendeu no Palácio.
Dizem que é nas grandes crises que os grandes líderes se revelam. Com uma postura arrogante, se postando como o dono da verdade, enebriado pelo poder, Bolsonaro, vai se apequenando, envolvido em picuinhas, dizendo coisas desconexas, não desce do palanque e parece ser ainda um obscuro parlamentar do baixo clero como foi durante os mais de 30 anos que esteve na Câmara dos Deputados. O coronavírus expõe, ainda mais, a incapacidade do presidente de ser um líder capaz de conduzir uma nação em um momento tão difícil. Muitos dos seus apoiadores vão se afastando percebendo que a proximidade não é boa e que esse negócio pode não terminar bem.
Claro que ainda existem seguidores fanáticos mas isso é apenas uma bolha que vem sendo desinflada a cada dia. Os especialistas não se cansam de repetir: a postura do presidente é coisa para psiquiatra. Não foi atoa que aliados de primeira hora como é o caso da deputada Janaína Pascoal, entre outros, pediram o afastamento dele.
Na noite desta quarta-feira, Bolsonaro teve uma pequena mostra de que o povo está lhe virando as costas. Ele pediu que, em resposta ao panelaço das 80;30, fosse feito um panelaço em sua defesa as 9 da noite. O que se viu? O panelaço contra sacudiu o País, já o favor foi tímido, para dizer o mínimo. Lembrou um pouco o ex-presidente Fernando Collor, quando pediu para que, em seu apoio o povo saísse de verde amarelo nas ruas. No dia seguinte uma multidão vestido de preto saiu as ruas em sinal de luto. O destino de Collor todos sabem, o de Bolsonaro ainda saberemos.
Como se não bastasse tudo isso, o deputado Eduardo Bolsonaro provocou outra crise ao culpar a China pelo Coronavírus. Os chineses são o maior parceiro comercial do Brasil. Se eles decidirem não comprar os produtos brasileiros, o agronegócio pode até quebrar. Os empresários do setor estão sem acreditar que o filho do presidente foi capaz de ato tão temerário.
Diante de cenário tão adverso, vamos torcer para que o povo brasileiro se una e encontre o caminho certo. É o que nos resta. No mais vamos rezar para que essa crise do Coronavírus passe o mais rápido possível, que os nossos profissionais de saúde continuem se doando com muita dedicação, que o povo se una e que muitos não percam a vida. Essa é nossa esperança.
Quanto ao presidente vamos rezar também para que ele saia da realidade paralela em que parece viver e venha para o mundo real. Ou, como diz Rodrigo Maia, “Tá na hora do presidente assumir o governo”. Coisa que, até agora, Bolsonaro não fez.