O primeiro debate entre os prefeituráveis de Salvador, ontem à noite, na Band, revelou que ainda não passa de forçação de barra a ideia de uma polarização entre os candidatos do prefeito ACM Neto (DEM) e do governador Rui Costa (PT) na disputa pelo comando da capital baiana. O confronto permitiu uma visão geral sobre o que pensam os prefeituráveis e mesmo quais seus limites mais evidentes, a despeito das regras rígidas que já se tornaram uma marca de confrontos desse tipo e do prejuízo que o número elevado de postulantes provoca para o aprofundamento das discussões.
Candidato do prefeito à sucessão municipal, o democrata Bruno Reis aproveitou a oportunidade para mostrar que não é uma sombra do seu padrinho político, como seus adversários tentavam qualificá-lo, nem alguém sem autonomia, uma característica que acompanha desde sempre os candidatos pensados no carlismo para suceder seus principais líderes, mas um conhecedor da gestão da qual participa e da cidade cuja mensagem é a de que pode dar continuidade a um governo que, como afirmou, tirou Salvador do caos e do descrédito e ainda tem muito a fazer pela capital.
A aposta do PT para desbancá-lo ou polarizar com ele não se efetivou. Candidata do governador Rui Costa (PT), a major Denice Santiago demonstrou ter seguido bem as recomendações sobre como se comportar e se expressar diante dos temas que se preparou para responder e questionar, mas passou longe de representar qualquer tipo de ameaça ao favoritismo do democrata em termos de idéias, propostas e visão administrativa. A falta de experiência política colaborou para que não conseguisse aproveitar a oportunidade para se colocar como alternativa ao projeto netista.
Foi superada em desempenho, por exemplo, pela deputada estadual Olívia Santana, do PCdoB, apoiada por uma tarimba política que, naturalmente, lhe falta, e por outros candidatos do campo do governo que acabaram roubando a cena na estratégia de confrontar o favorito e o governo de Salvador. Foi o caso do candidato Bacelar, do Podemos. Político experiente, cuja superioridade do preparo em relação aos adversários do time do governo ficou evidente, Bacelar mostrou, pelo desempenho, que seria o mais talhado para enfrentar o netismo, se o plano do governo fosse competir de verdade.
Tudo pode acontecer, mas fica difícil acreditar que o deputado federal Pastor Sargento Isidório, do Avante, tenha conseguido conquistar mentes e corações com a idéia de que pode governar Salvador simplesmente por tocar com zelo a Fundação Dr. Jesus, que criou para tratar de drogados. Em que pese o reconhecimento social, político e técnico à instituição, por si só não se trata de um trabalho que credencie ninguém para administrar uma cidade complexa como a capital baiana. Fora do mainstream da disputa, Celsinho Cotrim, do PROS, conseguiu passar a mensagem de que tem conteúdo para ser ouvido.
Trata-se, no entanto, de uma aposta em fortalecer sua popularidade para mais adiante ou planos futuros políticos, como ele próprio tem sinalizado. Hilton Coelho foi fiel à tática do PSOL de tentar demolir a tudo e todos e, quando pode, apresentar propostas que sabe que nunca serão executadas. Dessa vez, trouxe a idéia de criar um Banco de Salvador em alternativa à rede comercial normal, como Bradesco, Itaú… Ainda assim, protagonizou, em alguns momentos, um bom embate com o candidato do Avante, que evitou partir para o ataque num debate em que certamente levaria a pior.
Via: Política Livre