BRIGA DE GALOS
Zé Tito
Na cidade de Ibipetuba, lá no interiorzão da Bahia, Roberval Rocha, popular Robé, criava valentes galos de briga. Ele cuidava das aves ( ou seriam animais?) como se cuida de um filho amado.
No domingo pela manhã, antes da missa, rezada pelo padre Pedro, os “fiéis” corriam para a rinha. Tinha até uma animada torcida que apostava no galo de sua simpatia. Era um espetáculo animado na praça Santa Cruz. Os mais entusiasmados levavam foguetes de três tiros. A meninada adorava.
Certa feita, aparece por lá um bigodudo português, vendedor de Biotônico Fontoura (lembrei-me de Jeca Tatu) querendo ganhar dinheiro fácil. Resolveu apostar na briga dos galos. Como nada entendia daquilo, aconselhou-se com Manoel Bogó que não perdia uma briga. Era sua diversão predileta.
— Diga-me cá Bogó, qual dos dois galos é o bom: o preto e branco ou o preto e vermelho?
E Bogó foi logo dizendo:
— Galo bão é o preto e branco!
O portuga, então, aposta 500 cruzeiros (moeda da época) no galo preto e branco, que leva a maior surra da paróquia. Sai jorrando sangue da cabeça depenada. Aí o portuga fica puto da vida:
— Escuta cá seu Bogó safado, seu caipira, você não me disseste que o bom era o galo preto e branco?
— Disse sim, meu rei! E é verdade. Galo bão é o preto e branco. O preto e vermelho é marvado como ele só!… sempre bate no pobrezinho.
Qualquer semelhança com a realidade (não) é mera coincidência. Tito Matos.