Articulador. É esse papel que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse enxergar para si mesmo no futuro. Cacifado como alternativa em 2022 para o Planalto por ter comandado a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno, ele rejeita disputar, pelo menos por enquanto, um cargo do Executivo. “Não quero ser administrador de crise. Enquanto não organizar o Estado brasileiro, para que eu vou ser prefeito, governador ou presidente?”, afirmou, em entrevista ao Estado ontem na residência oficial da Câmara.
Maia disse que entre os nomes mais bem posicionados para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro, estão o apresentador de TV Luciano Huck e os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio, Wilson Witzel (PSC). “Quem vai disputar eleição com Bolsonaro é quem conseguir caminhar da direita para o centro, ou a centro-esquerda. O Doria prefere ocupar o espaço do Bolsonaro. Tem que tomar cuidado para não tentar disputar o núcleo duro do presidente. Ele não vai crescer para o eleitor mais radicalizado antipetista. O Huck está tentando construir esse espaço, um pouquinho mais à centro-esquerda em alguns temas. E o governador do Rio é sempre forte.”
O presidente da Câmara afirmou não ter “compromisso político” com Bolsonaro e disse que a mudança no relacionamento entre Planalto e Congresso será fundamental para as votações na Câmara no segundo semestre. Mais do que as críticas do filhos do presidente, Maia reclamou de agressões de palacianos: “Mais grave é quem está nomeado dentro do Palácio, depende do governo, e ataca o Parlamento nas redes sociais”. Para Maia, Bolsonaro deve refletir sobre nepotismo e avaliar se o filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) “tem perfil” para ser embaixador em Washington. Maia disse não ser contra um político no cargo, mas questionou a legalidade da indicação do deputado: ”Ou ele vai renunciar ou não vai ser embaixador”.
Via: UOL