Eu posso falar de caipira
Dei caipora
Mas o poeta pediu para eu prestar atenção
Encostado no barranco
Ver o cão chupando manga
De admiração
Só porque o saci
Largou o cachimbo
E amigou com o caipora
Anda assumindo e sorrindo
Quer duvidar preste atenção
A gia rapa cuia
Feito Edite do prato
Chamou o sapo
Com sua orquestra
Fizeram festa na floresta
O saci e o caipora agora vão se casar
E o nego d’água sentado na pedra
Encantado com as lavadeiras
Cada esfregada na roupa
Rebolava as cadeiras
Com as suas arrelias mergulhou
Foi atrás dos seus amores
Duas nega d’água
Debaixo d’água
Namorando um nego d’água
Se afogando de amor
E matando os solitários de raiva
Com suas mágoas
E na estrada a mula sem cabeça
Cheio de mulinhas
Assobiando e cantando
Balançando a cabeça
Dela e dos outros
Dizendo que a noite é dela
O céu é celestial
As estrelas com seus astrais
Cintilava para a lua
Que louca e nua
Provocava uma crua maldade
De ciúmes em São Jorge
E a mula quebrando a cabeça
Do povo sem cabeça
Antes que eu esqueça
O poeta pediu pra eu prestar atenção na voz do vento
Nas palavras em silêncio
Eu pude contemplar
O vento contou várias histórias
E me entregou essa nessa hora
Agora ela vai para o mundo feito o vento
Ouve e lê que tem prazer
Eu tive e pude escreve
Do poeta Ronaldo Sena