O secretário da cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, parafraseou trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista entre 1933 e 1945.
Em um vídeo publicado na noite desta sexta-feira (17) para divulgar um novo concurso nacional de artes, Alvim fala o seguinte trecho:
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada.”
A fala é bem parecida a um pronunciamento de Goebbels direcionado à diretores de teatro que consta da obra “Joseph Goebbels: Uma biografia”, do historiador alemão Peter Longerich. :
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande pathos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.”
O vídeo de Alvim também traz como música de fundo um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma das obras preferidas de Hitler, e foi gravado em uma sala com o retrato de Bolsonaro, uma bandeira do Brasil e uma cruz.
O Prêmio Nacional das Artes que o secretário estava divulgando havia sido lançado horas antes em uma transmissão ao vivo pela internet com a participação do próprio presidente. No vídeo citado, Alvim diz ainda que está atendendo a um pedido de Bolsonaro:
“A cultura é a base da pátria. Quando a cultura adoece, o povo adoece junto. E é por isso que queremos uma cultura dinâmica, mas ao mesmo tempo enraizada na nobreza de nossos mitos fundantes”, disse.
O vídeo gerou ampla repercussão negativa com vários pedidos para que Alvim seja retirado do cargo, incluindo do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do movimento Livres.
Em suas redes sociais, Alvim disse que a citação a Goebbels foi uma “coincidência retórica”, que a frase “não tem nada de errado” e culpou a esquerda.
Via: Exame