Vítimas trabalhavam há duas semanas sem remuneração nem carteira assinada, e o suspeito não deixava as duas mulheres saírem de sua casa

A Polícia Militar prendeu na noite da última terça-feira (23/10) um homem acusado de manter duas mulheres em sua casa trabalhando de forma análoga à escravidão. As vítimas trabalhavam na casa do suspeito, praticamente 24 horas por dia, sem remuneração nem carteira assinada.
Uma delas disse à PM que o suspeito não as deixava sair até que elas pagassem uma quantia de R$ 700. Segundo ele alegava a elas, esse valor seria referente aos custos de alimentação e transporte das duas, que moravam no Maranhão e chegaram ao Distrito Federal por meio de um agenciador que trouxe as mulheres para esse serviço.
O tenente Márcio Mello, do Grupo Tático Operacional (GTOP) participou da ocorrência e contou os detalhes ao Correio. “Assim que assumi o serviço recebemos uma denúncia de cárcere privado. À princípio verificamos a casa, chamamos, ninguém apareceu, mas ficamos observando. Um tempo depois apareceram as vítimas e conversaram com a gente. São duas jovens do Maranhão e uma delas confessou que queria ir embora, mas que o suspeito não deixava.”
Márcio também disse que uma delas estava há cerca de dois anos no local e parou de receber pagamento há um ano. O homem que a mantinha em cárcere chegou a pagar alguns implantes dentários a ela, para tentar se mostrar alguém que estava ajudando, mas não a deixava sair de casa e não permitia qualquer vida fora do trabalho para a mulher.
A PM levou as vítimas para a delegacia e viu de perto a situação delicada. “Enquanto estávamos na viatura, no meio do caminho, uma delas recebeu ligação do agenciador dizendo que ele estava com a mãe dela, a ameaçando e ordenando que ela não fosse prestar queixa”, informou o tenente.
O caso foi levado para a Polícia Federal por se tratar de crime de competência desta justiça. O suspeito, de 62 anos, foi preso com base no artigo 149 do Código Penal, que fala sobre “reduzir alguém à condição análoga à de escravo”.
Mural do Oeste / Com Correio Braziliense