Ao sentir que a facada de Sérgio Moro em Bolsonaro foi muito pior do que a facada de Adélio Bispo, ao ver o presidente tropeçar nas pernas, o centrão como – como sempre faz nestes momentos – se apresentou para tentar amparar o presidente. O amparo tem preço e não é barato. Guloso, insaciável, o centrão quer cargos, não importando se os indicados estejam envolvidos em diversas maracutaias, amplamente conhecidas pela população. O centrão quer tudo de porteira fechada para tudo voltar a ser como era antes. Uma esbórnia geral. Bolsonaro corre um sério risco. O centrão pode receber todos os cargos que quer, mas se sentir que a pressão do povo pela cassação de Bolsonaro ganha força, é o primeiro a pular do barco e abandonar o presidente aos leões. Foi assim com a ex-presidente Dilma Rousseff. Assim poderá ser com Bolsonaro. O presidente terá que confiar desconfiando. Não é uma missão fácil. Da facada de Adélio, Bolsonaro se recuperou rapidamente. Já da facada de Sérgio Mouro, é preciso esperar para saber o que vai acontecer. Se vai cicatrizar ou deixar o presidente sangrando até a última gota do seu poder. É o que vamos ver de agora em diante. Se a cassação de Bolsonaro chegar ao Plenário da Câmara já se pode antecipar as cenas dos deputados do centrão fazendo o seguinte discurso: “Em nome da minha família, do meu pai, da minha mãe, do meu gato, do meu cachorro, do meu papagaio, meu voto é sim senhor presidente.” Ou então: “Em nome de Sérgio Moro terror de Bolsonaro, meu voto é sim senhor presidente.” Por enquanto isso é só um exercicio de futurologia que pode acontecer ou não. Depende de como o presidente vai conduzir tudo isso, de como o Supremo vai investigar, de como o povo vai reagir. Vamos ver.