
O ex-presidente Lula acena para populares ao sair do velório do neto Arthur
O ex-presidente Lula participou do velório do neto Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, neste sábado, 2, após autorização da Justiça Federal do Paraná. Durante a cerimônia, o ex-presidente prometeu ao neto que ‘vai cuidar da família e de todos nós que vamos ficar aqui’. “O Arthur foi um menino que sofreu muito bullying na escola, porque era neto do Lula. Por isso, eu tenho um compromisso com você, Arthur, eu vou provar a minha inocência e quando eu for para o céu, eu vou levando o meu diploma de inocente”, afirmou, de acordo com relatos de pessoas presentes na cerimônia. “Vou provar quem é ladrão neste País e quem não é. Quem me condenou não pode olhar nos olhos dos netos como eu olhava para você”. Segundo relatos, Lula chorou muito durante a cerimônia, da qual participaram dois pastores metodistas e um padre católico, e consolou o filho Sandro Luis Lula da Silva e a nora Marlene Araújo. O ex-presidente ficou mais de 30 minutos recebendo cumprimentos de mais de 100 pessoas. Ao deixar o cemitério, Lula subiu no carro da PF e acenou para seus apoiadores. Na hora que ele desceu, o delegado da PF disse: “O senhor sabe que não devia ter feito isso”. “O senhor sabe que eu devia”, respondeu Lula. O petista saiu de Curitiba, onde está preso na Operação Lava Jato, no começo da manhã para comparecer à cerimônia do neto, que morreu na sexta-feira, 1, vítima de meningite meningocócica. Lula chegou ao velório por volta das 11h e permaneceu no local até as 13h. Durante o tempo em que esteve no cemitério, o ex-presidente recebeu a ligação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. O telefonema foi passado pelo ex-secretário da Presidência Gilberto Carvalho. Entre as dezenas coroas de flores enviadas à família de Lula, havia uma em nome do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Apoiadores do ex-presidente o esperaram na frente do cemitério Parque da Colina. Eles rezaram um Pai Nosso e homenagearam o neto de Lula com gritos de ‘Arthur presente agora e para sempre’. Na saída, os apoiadores aplaudiram novamente o ex-presidente e gritaram ‘Lula, Lula, olê, olê, olá’ e ‘Polícia Federal, vergonha nacional’. Lula deixou a carceragem da Polícia Federal na capital paranaense por volta das 7h em um helicóptero, que o levou ao aeroporto do Bacacheri. No terminal, o ex-presidente embarcou em um avião oficial do Governo do Paraná para São Paulo. O petista chegou ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta das 8h30. De lá, Lula foi para São Bernardo do Campo. O ex-presidente foi autorizado a ficar 1h30 no velório e, por isso, aguardou por algumas horas até chegar ao velório. A cremação de Arthur estava marcada para as 12h no cemitério onde também foi cremada a avó do garoto, Marisa Letícia, morta em 2017. A Polícia Militar de São Paulo fez um esquema especial de segurança antes da chegada do ex-presidente ao velório do neto. Ao todo, seis PMs armados estavam na capela onde o corpo do menino está vendo velado. Além disso, mais de dez viaturas estão no entorno do local e uma barreira feita na entrada do cemitério causou incômodo a família de Lula. Durante a noite de sexta e a madrugada de sábado parentes, amigos da família e aliados de Lula estiveram no local para prestar solidariedade à família. Entre eles a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, os ex-ministros Alexandre Padilha, Gilberto Carvalho e Paulo Vannuchi, o médico Roberto Kallil Filho e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Hoje de manhã chegaram o deputado estadual Emido de Souza e o advogado Marco Aurélio Carvalho. Segundo Paulo Okamotto, entre as condições impostas a Lula para ir ao sepultamento estão não ficar em espaço aberto nem falar com a população. Advogados petistas disseram que o ex-presidente não poderia ficar no mesmo espaço em que estavam a ex-presidente Dilma e Gleisi. A ex-presidente Dilma Rousseff chegou ao velório por volta das 9h30, acompanhada do ex-ministro Aloízio Mercadante. Também foram à cerimônia o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o líder do MTST Guilherme Boulos. Por volta das 10h20, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), chegou ao local. O clima no velório era de profunda tristeza. Sandro chorava em uma cadeira ao lado do caixão branco do garoto sob o qual foram postos um par de chuteiras e uma bola de futebol. A juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara Federal, autorizou na sexta-feira, 1.º, que o ex-presidente fosse à cerimônia do neto. A magistrada proibiu o ex-presidente de conceder entrevistas. Após o pedido da defesa para Lula ir ao velório, o processo em que corre a Execução Penal de Lula entrou em sigilo. Carolina autorizou a participação de Lula no velório, mas ordenou o sigilo sobre os detalhes do deslocamento ‘a fim de preservar a intimidade da família e garantir não apenas a integridade do preso, mas a segurança pública’. A força-tarefa da Lava Jato manifestou-se de forma favorável à ida do ex-presidente ao velório. Lula chegou a São Paulo em um avião oficial do governo do Paraná. Em nota, na sexta, o governador Ratinho Jr. (PSD) informou que atendeu a um pedido da Polícia Federal. “O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguirá para São Paulo em avião do governo do Paraná. A aeronave foi liberada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, atendendo a pedido da superintendência da Polícia Federal no Paraná”, informou o governo. O menino de 7 anos era um dos netos mais próximos do ex-presidente. Era de Arthur um tablet apreendido pela PF durante a busca e apreensão na casa de Lula em 2016. Além da preocupação com Sandro, seu filho, Lula lamentou por Marlene, mãe de Arthur. Depois da morte de Marisa Letícia, em 2017, Marlene ajudou a preencher o espaço criado pela ausência da ex-primeira-dama. Ela e Sandro dormiam com frequência no apartamento de Lula e tentavam manter a proximidade do avô com os netos. Descrita por petistas como uma ‘mulher de grande iniciativa’ cujo temperamento forte contrastava com a introspecção de Sandro, Marlene dava ordens na casa e no entorno do presidente. No dia que antecedeu a prisão de Lula, por exemplo, era ela quem tirava o ex-presidente das rodas políticas e o levava para perto da família. Ela aparece conversando com Marisa Letícia sobre assuntos domésticos em um grampo divulgado pela Lava Jato. O ex-presidente está preso desde 7 de abril do ano passado na Polícia Federal, em Curitiba, alvo da Lava Jato. O petista foi condenado no caso triplex por corrupção e lavagem de dinheiro a uma pena de 12 anos e um mês de reclusão.
Via: Estadão Conteúdo