As emendas de relator-geral foram criadas em 2019 e começaram a ser aplicadas em 2020. Desde então, como mostramos, já foram pagos R$ 10 bilhões e R$ 29 bilhões, empenhados. Ao todo, 3,8 mil municípios em 2020 e outros 4,9 mil este ano receberam emendas do orçamento secreto.
As chamadas RP9 passaram a ser criticadas pela falta de transparência. Mas, entre deputados e senadores, a reclamação é outra: a concentração de poder nas mãos do relator-geral do orçamento (em 2020, era o deputado Domingos Neto, do PSD-CE, e em 2021, o senador Márcio Bittar, do MDB-AC) e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Não querem mostrar a autoria das emendas do que já foi pago até o momento porque isso poderia criar um problema na própria base do governo, já que todos nós saberíamos quem recebeu mais e quem recebeu menos recursos”, analisou o deputado Elias Vaz (PSB-GO), que ingressou com uma ação no STF para sustar o ato do Congresso relacionado à execução das emendas de relator-geral nos anos de 2020 e 2021, que omitiu o nome dos deputados que foram beneficiados com o orçamento secreto.
Na visão de congressistas ouvidos por O Antagonista, as chamadas emendas de relator criaram uma espécie de “clubinho do orçamento”. Ou seja, aliados dos relatores-gerais e dos presidentes das duas casas têm mais acesso às emendas. Os que estão fora do clube, têm mais dificuldades de conseguir recursos para suas respectivas bases eleitorais.