Em um trecho da obra, Tom descreve como em 2010, Cabral achava que estava por cima da carne seca:
“Se tudo desse certo, 2010 seria o ano da vida de Sérgio Cabral. E tudo indicava que daria. A economia brasileira crescia a todo vapor (fecharia o ano com aumento de 7,5% do PIB, maior avanço desde 1986) e a cidade do Rio, confirmada como palco dos Jogos Olímpicos de 2016 – e também como um das sedes da Copa do Mundo de 2014 – estava tomada por centenas de obras, gerando receitas para o município e para o estado. E para o bolso do governador. No plano político, tudo também havia saído como o planejado. Os institutos de pesquisa davam como certo a sua reeleição ainda no primeiro turno, em outubro. Popularidade alcançada graças à dobradinha com o presidente Lula e a reconhecida habilidade para costurar apoios e enfraquecer desafetos. Cabral tinha um “poste” para chamar de seu na prefeitura (Eduardo Paes); um leal e discreto vice que trabalhava por ele, resolvendo pepinos administrativos (Luiz Fernando Pezão); e dois operadores políticos na Assembleia Legislativa, que pareciam, enfim, entrosados (Jorge Picciani e Paulo Melo). A oposição não lhe fizera mais sombra. Cesar Maia e Garotinho não pareciam demonstrar força para emergir do limbo político”.
Abaixo segue o release da obra.
SE NÃO FOSSE O CABRAL
Os bastidores de um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil
O que mais impressiona nestas histórias que nos conta Tom Cardoso, não é apenas a corrupção. É a arrogância, a soberba: o excesso, o exagero, a desmedida. Não temos, nas ações dos principais personagens, apenas atos de corrupção. Porque eles aparecem mesclados a uma enorme vaidade, a uma convicção de impunidade, a uma sede sem limites de ter, de gastar, de aparecer”.
Renato Janine Ribeiro no prefácio da obra.
Escrito pelo jornalista, escritor e vencedor do Prêmio Jabuti 2012 na categoria reportagem, Tom Cardoso, Se não fosse o Cabral, cria, com a ajuda de muito humor ácido, o “retrato do homem atrás do corrupto”, como define Alvaro Costa e Silva em sua apresentação do livro. A obra extrapola os relatos da gigantesca relação de crimes envolvendo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e constrói o perfil de um dos mais importantes políticos brasileiros e da máfia que liquidou com os cofres do Estado.
Quem pariu Sérgio Cabral Filho? Como se deu a transformação do estudante de Jornalismo, filho de Serjão, o boa-praça editor de O Pasquim, no político ardiloso e megalomaníaco? Quais foram seus principais mentores e parceiros? Este livro responde essas e outras questões sobre um dos maiores ladrões da nossa história e da rede de políticos que o sustentou – do ex-presidente Lula a Aécio Neves, de Anthony Garotinho a Marcelo Crivella, da máquina emedebista a evangélicos e comunistas.
Mesmo em um país onde a corrupção é endêmica (o primeiro desvio de dinheiro público durante uma obra remonta a 1549, na construção de Salvador, a primeira capital), o autor revela como ninguém se mostrou tão apaixonadamente entregue à tarefa de dilapidar o erário quanto Cabral. Entrevistou ex-namoradas, colegas do seu time de futebol na faculdade – o “Canalhas em crise” –, familiares de amantes, organizadores de eventos, entre outros, e detalhe episódios como a Farra dos Guardanapos e a queda do helicóptero que transportava a potencial namorada do governador e a esposa do empreiteiro Fernando Cavendish. Se não fosse o Cabral revela o Brasil da promiscuidade, do tráfico de influências, da corrupção impune, e a personalidade de um homem sem impedimento moral, sem pudores e disposto a tudo para enriquecer.
Sobre o autor
Escritor e jornalista, Tom Cardoso nasceu em 1972, no Rio de Janeiro. Atualmente mora em São Paulo. Já trabalhou na redação dos jornais “O Estado de São Paulo”, “Folha da Tarde”, “Valor econômico”, tendo sido colaborador da “Folha de São Paulo”. É autor dos livros “Sócrates – uma biografia” (Objetiva), “Tarso de Castro – músculos e fúria” (Planeta) e “O cofre do dr. Rui” (Record).
Sobre Tordesilhas
Ampliar sua atuação em outros segmentos do mercado, com ênfase nos gêneros de não ficção mais valorizados pelos leitores brasileiros, como biografias, memórias e livros de reportagem. Esse é o objetivo do selo Tordesilhas em sua nova etapa, iniciada agora, sete anos depois da sua criação. O apuro na produção dos títulos continua sendo marca registrada do selo, assim como seu compromisso com o rigor das edições e da busca por autores renomados. Além dos clássicos, revisitados com criatividade, estão no radar da nova Tordesilhas escritores nacionais e internacionais que investiguem temas contemporâneos, capazes de nos ajudar a compreender mutações aceleradas do mundo no início do século 21.
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