Ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF) Maurício Valeixo chegou à superintendência, em Curitiba, para prestar depoimento por volta das 9h50 desta segunda-feira (11).
Ele será ouvido pelos investigadores que atuam no inquérito que apura interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF.
O inquérito foi aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR), com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro pediu demissão do cargo, no fim de abril. Ele disse ter sido pressionado por Bolsonaro a fazer mudanças na cúpula da PF.
Valeixo será ouvido por ter sido demitido por Bolsonaro. No seu lugar, e contrariando o então ministro Moro, o presidente indicou Alexandre Ramagem. A nomeação de Ramagem, entretanto, foi barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao analisar uma ação movida pelo PDT.
Os ministros da ala militar do governo devem depor depois de Valeixo.
Os relatos do inquérito foram citados pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, quando pediu demissão do cargo, e estão em investigação.
O inquérito foi autorizado pelo STF e vai investigar se as acusações de Moro são verdadeiras. Se não forem, o ex-ministro poderá responder na Justiça por denunciação caluniosa e crimes contra a honra.
O caso está sob relatoria do ministro Celso de Mello. Moro depôs por cerca de oito horas no inquérito no último sábado (2).
Valeixo foi o pivô da saída de Moro do governo federal. Sem concordar sobre a decisão de Bolsonaro em exonerar Valeixo, o ex-juiz da Lava Jato pediu demissão e relatou durante a sua saída que o presidente fez a troca porque queria interferir politicamente na Polícia Federal.
Os investigadores estão na expectativa da entrega do vídeo da reunião em que Bolsonaro teria falado na interferência política na PF, o que corroboraria a declaração de Moro. Na terça-feira (5), Celso de Mello deu 72 horas para o governo entregar as gravações da reunião citada por Moro.
Segundo o blog da Andréia Sadi, o Planalto teme a divulgação do vídeo por ser, além de uma prova, algo “constrangedor” para o presidente. Na quinta (7), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao ministro Celso de Mello autorização para entregar à Corte somente parte das gravações da reunião.
Segundo fontes ouvidas pelo blog, na reunião, foram tratados temas que vão além da interferência política na PF, o que exporia ainda mais a maneira como presidente se porta perante o combate ao coronavírus, minimizando os efeitos da pandemia. Isso geraria exposição negativa para o governo federal.
G1