
Eu vivo entre aspas
Eu vivo entre parênteses
O cérebro cheio de reticências
Com pontos de interrogação saindo pelos olhos
Eu vivo entre vírgulas
desvirguladas
carregando sílabas nos ombros
e suportando esse calvário
que não leva a lugar nenhum
Minha vida é uma exclamação
na minha vida não há ponto parágrafo
nem quando durmo.
Sei que um dia qualquer
sem dar sinal
sofro um baque
um piripaque
um colapso, um ataque
e ai, babau,
minha vida chega
a um ponto final
E quando a morte me chamar
te esperarei de um jeito mais inglório
pra chorar no meu velório
ou pra sorrir da minha cara
(sabe-se lá!)