
Por Marcos Brito.
Findado o carnaval, são comuns as rodas de conversas sobre o cenário musical e neste carnaval de 2018 não poderia ser diferente, porem um assunto me chamou atenção, essa rivalidade que insistem em criar: axé versus sertanejo universitário. Pois bem, numa acalorada roda de conversa entre amigos, produtores, alguns músicos, e empresários alguém disse: “o axé caiu!”… outro exclama: “se perdeu!!!”então alguém tem a coragem de dizer:” com o sertanejo universitário invadindo o carnaval de salvador!!!” dai então a maioria concorda que há uma luta entre o axé e o sertanejo universitário…será!?
Vamos lá então: quando o axé ganha o mercado e o pais inteiro em meados dos anos 80, 90 chegando até o ano 2000, isso faz com que o mundo volte os olhos para nossa terra da alegria, o surgimento de muitos artistas e ritmos é fenomenal, tanto que Paul Simon e Michael Jackson procuram a Bahia para ver de perto e exporta esse estilo, assim a musica da Bahia rompe fronteiras os artistas são cada vez mais requisitados e por sua vez os escritórios os abocanham gerenciando suas carreiras e expandindo cada vez mais os mesmos.
Trilha sonora de novelas, filmes e assim vai, as grandes capitais aderem as micaretas, que são os carnavais fora de época, são muitos: micarecandanga-Brasília-DF, Carnagoiania-Goiania-GO, Précaju- Aracaju-SE, Fortal-Fortaleza-CE e por ai vai com isso tudo nosso axé domina o brasil e é admirado pelos grandes nomes da mídia nacional, sendo destaque nos noticiários semanais. Mas vamos voltemos nossa atenção ali no carnagoiania, que foi onde surgiu o tal inimigo do axé: o sertanejo universitário. Por que é ali que os jovens goianos veem a musica baiana e muitos desse jovens tocam violão e ai ouvem a percussão do axé, isso é mesclado nas cantinas das grandes faculdades e dai gera esse estilo inovador e contagiante, pois mistura a viola, o violão e sanfona que são instrumentos genuinamente sertanejos, da roça vamos assim dizer, com a batida da musica baiana que eles ouviram no carnaval e salvador ou na micareta. Surge então essa nova moda, uma musica de roça mesclada com capital: sertanejo universitário!
Vendo e vivendo isso posso dizer que na verdade o axé deu a formula, e acabou sendo atropelado pelo novo estilo, mas eu não acho que o sertanejo aniversario seja o maior inimigo do axé… defendendo isso fui questionado o porque, e se eu estava defendendo o novo estilo, se eu era mais chegado no sertanejo, bom eu sou chegado em musica, seja ela qual for o estilo e que tenha boa letra essa sim eu sou chegado, mas no foco da discussão posso dizer que o maior inimigo do axé é a falta de gestão do mesmo. Pasmem! Mas é isso mesmo, a falta de gestão que faz com que o axé perca mercado e espaço no pais inteiro até mesmo no carnaval.
A gestão do novo estilo é muito mais ousada, como produtor meu celular toda semana recebe ligação dos escritórios que cuidam de muitos artistas do estilo oferecendo suas datas e as vezes dando descontos, buscando parcerias inovando o contato com o contratante e isso faz uma diferença imensa. Já os escritórios que cuidam do axé os contratantes por muitas vezes tem que ir buscar, os cachês as vezes estão muito fora da realidade e as perecerias muitas vezes só favorece o lado deles. Ainda tem uma serie de exigências em que sobre fatura o orçamento do contratante deixando o mesmo sem margem de lucro e isso desfavorece. Desta forma realmente se perde mercado, então chegamos a conclusão de que não existe essa rivalidade entre o axé e o sertanejo universitário, mas sim duas formas de gestão; uma que ganha e outra que perde mercado. E por isso que vemos o sertanejo universitário no carnaval, nas festas juninas e até nos festivais, que antes se via o axé brasil, hoje temos dois grandes festivais no estilo que são eles Vilamix e Festeja e que viajam o pais inteiro.
Para concluir, acho que o axé realmente tropeçou, mas tropeçou na suas próprias falhas, achou que o cenário não iria mudar, deu as ferramentas para criar um novo estilo e assim não inovou, mas gosto do estilo adoro a percussão da musica baiana.