A próxima novela de João Emanuel Carneiro, Segundo Sol, se passa na Bahia, mas não há atores negros em seu núcleo principal. Pelo contrário, os protagonistas são os atores Emílio Dantas, Vladimir Brichta, Giovanna Antonelli e Adriana Esteves.
Para além dos protagonistas, não há representatividade negra proporcional à quantidade de atores.
Dos 26 nomes que participam do folhetim, apenas três são negros. Desses, somente o ator Fabrício Boliveira aparece nas chamadas divulgadas pela emissora.
Como você leu acima, a nova trama de João Emanuel Carneiro, responsável por sucessos como Avenida Brasil e A Regra do Jogo, se passa na Bahia onde, segundo dados do IBGE divulgados em 2013, 76% dos habitantes se declaram pretos ou pardos.
Nesse mesmo levantamento de 2013, a Bahia foi o estado brasileiro que registrou o maior índice de cidadãos que se declaram pretos: 17, 1%. No passado, a escalação de elenco majoritariamente branco numa trama ambientada em região de expressiva população negra negra poderia passar despercebida, mas não em tempos de redes sociais.
Nos últimos dias, Segundo Sol virou alvo de críticas de espectadores e ativistas. No sábado (28), às críticas negativas ganharam ainda mais repercussão após a atriz Samara Felippo compartilhar um texto da dramaturga Maria Shu, que é negra.
Em breves linhas, Maria questiona a inexistência de atores negros não apenas em Segundo Sol como também em outras produções ambientadas em regiões com expressiva população negra.
Em nota enviada pela área Comunicação, a Globo afirma que “não pauta as escalações de suas obras por cor de pele”. No texto, a emissora também afirma que está e acompanhando os comentários e que “reflexões sobre diversidade na sociedade” devem ser abordadas na trama.
Leia a nota na íntegra:
“Os critérios de escalação de uma novela são técnicos e artísticos. A Globo não pauta as escalações de suas obras por cor de pele, mas pela adequação ao perfil do personagem, talento e disponibilidade do elenco. E acredita que esta é a forma mais correta de fazer isso. Uma história como a de Segundo Sol, também pelo fato de se passar na Bahia, nos traz muitas oportunidades e, sem dúvida, reflexões sobre diversidade na sociedade, que serão abordadas ao longo da novela, que está estruturada em duas fases. As manifestações críticas que vimos até agora estão baseadas sobretudo na divulgação da primeira fase da novela, que se concentra na trama que vai desencadear as demais. Estamos atentos, ouvindo e acompanhando esses comentários, seguros de que ainda temos muita história pela frente!”
Via: Hoff Post Brasil