Barra, linda cidade de antigos casarões nas margens do Rio São Francisco. Caminho dentro das tuas ruas e parece que estou dentro de um enigma. És mais que uma cidade. És muito além do silencio que a lua costura nas águas do Rio Grande.
Os ventos nos oitizeiros, a brisa do rio no cais. As embarcações deslizando suavemente sobre as águas. A luz do olhar dos pescadores resplandecendo contra o crepúsculo. O tempo parece girar em outra velocidade. As noites são azuis. Noite longas, nostálgicas, misteriosas…
Cidade da Barra. Torres, casario. Tantas vezes, na minha infância em Barreiras ouvia minha mãe e minha vó falando sobre esta cidade com o fascínio de quem contava uma lenda. Linda lenda. Sé depois que te conheci, cidade, é que percebi o significado de tua grandeza no convés da minha alma.
Meu espírito se alegra toda vez que te visito e sinto-me preso em teu enigma. Não nasci aqui, nasci em uma cidade-irmã, em Barreiras que eu tanto amo mas sempre que vou a Barra tenho a sensação estranha e bela de reencontrar os elos perdidos do meu passado e me pego sentido saudades de épocas tão confusas em minha lembrança como se, em algum tempo, eu já estivesse vivido aqui. Cidade da Barra, guardo teu nome num indecifrável cofre para sempre no fundo do coração. A todo o povo da barra ofereço o meu olhar de irmão.
Quase em frente a cidade o Rio Grande chega levando notícias de Barreiras, se entrega ao Rio São Francisco, contam segredos indecifráveis e seguem horizonte a dentro em um abraço molhado de vida.