
Roberto de Sena
Nas noites insones peço ajuda
a Pablo Neruda
Nas horas fora do tom
Peço socorro a Drummond
Nas noites sem luar
quem me ilumina é Ferreira Gullar
Nos dias de precipício
me agarro nos versos de Vinicius
Meus poetas me ajudam
a escapar das verdades velhas,
da hipocrisia. do moralismo analfaburro,
da cretinice, do disse-me-disse
dos vendilhões do evangelho
vendendo por muito dinheiro
o que Jesus nunca cobrou
Leio meus poetas
pra fugir dessa endemoniada pregação
pra fugir do novo Santo Ofício
da nova Inquisição
Leio meus poetas
rego minhas flores
batendo os tambores
da rebelião