
O “Mural do Oeste-Entrevista”, é um quadro que no seu bloco escrito vem apresentar parte da biografia e dos ideais de pessoas com papeis relevantes no Oeste baiano.
O Coronel PM Osival Moreira Cardoso, Comandante do CPRO (Comando de Policiamento da Região Oeste), é o primeiro personagem dessa coluna. Em um bate-papo longo e descontraído, ele não fugiu de nenhuma pergunta e traçou um resumo do que tem sido seu trabalho, e, por consequência, sua vida.
Mural do Oeste: Por que a carreira militar? Como começou essa história?
Coronel PM Osival Moreira Cardoso: O meu pai, já falecido, era do antigo Corpo de Bombeiros do município (Salvador-BA). Minha mãe, também já falecida, por sua vez, tinha uma grande admiração pela farda. Seu aniversário era 07 de setembro, e ela não perdia uma “parada” (militar). Isso nos influenciou. Meu irmão mais velho e eu entramos para o Colégio Militar. Ele primeiro, eu dois anos depois. Isso em 77 ou 78. No segundo grau, influenciado pelos colegas, todos resolveram prestar concurso para PM. Passamos e adentramos na academia militar no ano de 82.
Mural do Oeste: De 82 para cá, são 36 anos de polícia militar, o que mais marca essa carreira? Quais são as maiores dificuldades e felicidades?
Coronel PM Osival Moreira Cardoso: Eu particularmente me sinto realizado. Eu respiro polícia militar. As dificuldades que chegam no dia-a-dia não chegam a ser obstáculos. As dificuldades são colocadas para gente evoluir. Nossa profissão é uma profissão difícil. Ou peca por ação ou peca por omissão. A sensação é que vivemos uma orquestração para destruir a imagem da corporação. É a impressão que dá. De forma, que, apesar dessas dificuldades, tenho uma visão bem otimista.
Mural do Oeste: Apesar da melhora considerável no aparato policial do Estado, vemos que não há reflexo na questão da violência. Como o senhor explica essa situação?
Coronel PM Osival Moreira Cardoso: A questão da violência não está na esfera policial. Há um ledo engano. As pessoas acreditam que a questão da segurança se resolve na força, na repressão, mas só se resolve com educação, com prevenção. Nós pecamos porque nos acostumamos a remediar. E as vezes o remédio é muito amargo, é muito caro. Melhor seria prevenir. A questão da segurança é uma questão de educação, de moral, de princípios, começa dentro de casa, hoje vivemos uma inversão de valores, não há mais referência do que é certo e errado. Vivemos uma sociedade onde todos apenas tem direitos. Então, a questão da violência vai muito além.
Mural do Oeste: Pode nos fazer um resumo da sua carreira? Como o senhor encara essa missão de exercer pela segunda vez uma função de comando em Barreiras?
Coronel PM Osival Moreira Cardoso: Na verdade desses 36, 14 anos eu tenho no interior. Minha vida começa quando eu saio como Diretor Adjunto do Colégio Militar da Polícia no Lobato e coordenador da “Operação Gêmeos”, em 2004, e vou para Lençóis, onde fico até 2011 no comando da Companhia da Chapada Diamantina. E lá, em 2011, eu recebi a missão de comandar o 10° BPM de Barreiras. Pra mim foi um desafio muito grande. Estava bem perto de Salvador, adaptado a cidade (Lençóis), talvez numa zona de conforto, e me veio o desafio de ficar longe dos familiares, que permaneceram e permanecem em Salvador. O que me fez crescer muito. Cheguei em uma situação difícil, aquela época, o Batalhão estava em situação complicada, e consegui em 3 anos e 4 meses fazer um bom trabalho e muitos amigos. Sempre com atenção a dignidade da pessoa humana. Que é o maior bem da polícia militar. Então, quando chegou a missão de comandar o 20° Batalhão de Paulo Afonso, saí daqui com o coração apertado. Fiquei 7 meses em Paulo Afonso, depois fui designado para Itaberaba onde montei a equipe e estrutura básica do Comando de Policiamento da Região da Chapada Diamantina (CPRCH), onde fiquei por quase 1 ano e 4 meses. Até então eu era tenente-coronel, mas já exercia função de coronel. Quando recebi outra missão, para assumir o sub-comando na Companhia Regional do Norte, em Juazeiro, onde fiquei, também, por 7 meses. Lá fui promovido ao posto de Coronel e recebi a determinação para assumir o Departamento de Pessoal da Polícia Militar, em Salvador. Passei 7 meses trabalhando com a vida de policiais e seus dependentes, desde o ingresso na academia até a sua morte. Tive que trabalhar num departamento responsável diretamente pela vida de mais de 50 mil policiais. Agora, o Comando Geral ordenou que eu voltasse ao Oeste. Dessa vez como comandante do CPRO.
Mural do Oeste: Nesses meses a frente do CPRO já deu para fazer mudanças, ou há mudanças que você espera, ainda, fazer?
Coronel PM Osival Moreira Cardoso: Estou aqui há dois meses e alguns dias. Foram meses de observação e contato com a tropa. Para ouvir e sentir as dificuldades. Já temos a ideia de como fazer essas mudanças. Terão mudanças internas e a nível de estrutura. Logo estaremos em nova casa, ao lado do 10° BEIC. Há previsão de instalação do Serviço de Valorização Profissional, que vai atender demandas sociais e jurídicas, além da implantação da Ronda Maria da Penha e a inauguração das instalações da RONDESP. E, ainda para esse ano, aguardamos a instalação do Colégio da Polícia Militar em Barreiras.
Mural do Oeste: Para finalizar, qual a mensagem que o senhor deixa para o povo da região Oeste?
Coronel PM Osival Moreira Cardoso: A mensagem é de parceria. Não existe PM sem o povo. Nosso trabalho é proteger a população. E isso fazemos de forma melhor e mais rápida quando, também, há colaboração do povo.
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