A 4 meses das eleições, a pré-candidatura de Ciro Gomes (PDT) ao Palácio do Planalto tem buscado apoio de outros partidos em busca de consolidar o nome do presidenciável como à frente de uma candidatura única da esquerda. As conversas estão avançadas com o PSB e pedetistas já estão de olho no PCdoB, que já admite a possibilidade de desistir da candidatura de Manuela D’Ávila ainda no 1º turno.
Presidente do PCdo B, a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) confirma que é possível uma aliança entre os 2 partidos em busca de aumentar as chances da esquerda na disputa. “Apesar do quadro, há uma tendência para que a gente ganhe as eleições pela 5ª vez”, afirmou ao HuffPost Brasil, em referência à vitória do PT nas últimas 4 disputas presidenciais. Ela disse, contudo, que ainda não conversou com pedetistas sobre o assunto.
Ciro ensaiou uma aproximação com Manuela em visita ao Rio Grande do Sul, estado da pré-candidata, em maio. Na época, a publicação de uma foto dos 2 com Guilherme Boulos, pré-candidato do PSol, levantou mais uma vez a discussão sobre uma unificação no campo progressista.
Manuela afirmou, em nota, que a conversa com Ciro tratou da manutenção dos canais de diálogo, mas que as candidaturas estavam mantidas. “Fiz a minha pregação de sempre: paciência mútua, respeito pelas candidaturas postas, concentrarmo-nos no que nos une e não nos que divide. Somos concorrentes mas os adversários estão do outro lado”, diz o texto.
Os dois devem se encontrar novamente na próxima quarta-feira (6), em sabatina do jornal Correio Braziliense.
O apoio do PSB a Ciro Gomes
A união do PSB ao PDT, por sua vez, está mais avançada. Os presidentes das duas legendas, Carlos Siqueira e Carlos Lupi, respectivamente, têm conversado nas últimas semanas e a expectativa é de uma definição no meio de junho.
Além do tempo de propaganda eleitoral de rádio e televisão, o apoio do PSB traria maior capilaridade, devido a presença do partido pelo País, hoje no governo de 5 estados.
O principal entrave no momento são divergência regionais. O PSB tem priorizado os interesses das lideranças estaduais após o ex-ministro Joaquim Barbosa decidir não se lançar como candidato pela sigla. É possível que estados como Tocantins e Amapá, por exemplo, fiquem fora da aliança com Ciro.
Em Tocantins, Carlos Amastha está na disputa pelo governo do estado pelo PSB nas eleições para mandato tampão enquanto Kátia Abreu é candidata do PDT. No Amapá, há divergências entre o atual governador, Waldez Góes (PDT), candidato à reeleição, e pré candidato socialista, João Capiberibe.
Manuela e Ciro na corrida presidencial
Ao lançar a pré-candidatura em novembro, Manuela afirmou que iria até o fim, mas desde então tem admitido a possibilidade de uma candidatura única da esquerda. A ideia foi defendida por ela após a desistência de Barbosa da corrida eleitoral. Na época, contudo, a presidenciável afirmou que ainda era preciso um debate maior em torno do nome.
Santos, por sua vez, tem corroborado a possibilidade de uma chapa única da esquerda no 1º turno logo após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em abril. “É saudável a pulverização de candidaturas para que lá na frente se debata uma estratégia para que nosso campo esteja no 2º turno”, disse a presidente do PCdoB ao HuffPost, à época.
A presença de Manuela e de Boulos ao lado do ex-presidente – junto com a ausência de Ciro – chamou atenção para possíveis movimentações da esquerda em abril. Em seu discurso de despedida, Lula fez questão de exaltar os dois nomes. “Não adianta tentar me impedir de andar por este País, porque têm milhões e milhões de Boulos, de Manuelas, de Dilmas Rousseffs neste País para andar por mim”, afirmou.
Dois fatores, contudo, podem frear a candidatura única. Aliado histórico do PT, o PCdoB também tem sido procurado por petistas em busca de apoio. O governador do Piauí, Wellington Dias, é um dos responsáveis pelas articulações nos estados.
Já a decisão do PT e do PSol em manter as candidaturas próprias também dificulta uma união no 1º turno. Lula continua como nome oficial dos petistas nas urnas, apesar das articulações de um plano B. Os socialistas, por sua vez, mantêm a pré-candidatura de Boulos. Dentro do PDT, há convicção de que as duas legendas só apoiariam Ciro no 2º turno.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, Ciro tem entre 5% e 9% das intenções de voto, a depender do cenário. Manuela chega a no máximo 3% e Boulos a 1%. Lula continua na liderança, entre 30% e 31% das intenções de voto. Possível substituto do petista na corrida eleitoral, Fernando Haddad alcança, no máximo, 2%.