
O Brasil é o sexto país mais perigoso para o exercício da atividade jornalística, atrás de países com crises institucionais, políticas ou humanitárias como Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália, segundo relatório da Unesco divulgado ontem. Outro estudo, também lançado nesta terça-feira (30/4), pelo Conselho Nacional do Ministério Público com dados específicos do Brasil, revela que entre 1995 e 2018 foram identificados 64 assassinatos decorrentes do exercício do jornalismo. O estado que mais registrou crimes foi o Rio de Janeiro, com 13 homicídios, seguido pela Bahia (7), Maranhão (6), Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (5, cada), Ceará (4), Rondônia e Rio Grande do Norte (3, cada), São Paulo, Sergipe, Alagoas, Amazonas e Paraná (2, cada) e Espírito Santo, Pará e Paraíba (1, cada).
“Calar ou ameaçar a imprensa é flertar com o autoritarismo, com o desrespeito e com violações a uma liberdade fundamental assegurada pela Constituição”, disse a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, em sessão solene do Conselho Nacional do Ministério Público no Dia Mundial da Liberdade de imprensa, quando os estudos foram divulgados. “Não existe liberdade sem imprensa livre”, completou.
Segundo Emmanuel Levenhagen, membro auxiliar da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), os dados mostraram que os jornalistas foram mortos enquanto ou após denunciar esquemas de corrupção, tráfico e práticas criminosas. “No caso do Rio de Janeiro, há uma diferença. Por isso, os números se destacam. Enquanto nas outras cidades e municípios as denúncias eram mais relativas à corrupção, no Rio ,eram denúncias de práticas de traficantes, organizações criminosas, e existem casos bastante emblemáticos, como o do jornalista Tim Lopes”, disse.
Segundo a Unesco, entre 2006 e 2017 foram assassinados 1.010 jornalistas no mundo. Só em 2017, foram 80. O ano com maior número de crimes foi 2012, com 124 assassinatos. “Quando se cala a voz de um jornalista, se cala também a voz da sociedade e comete-se um atentado à democracia”, disse a diretora e representante da Uneco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto. Em 2017, um jornalista foi morto a cada quatro dias no mundo e o número de profissionais assassinados fora de áreas de conflitos armados vem aumentando nos últimos anos e corresponderam a 55% do total, em 2017. A maioria dos crimes foi contra comunicadores da televisão (45%), seguido por a mídia impressa (21%), mídia mista (19%), rádio (9%) e veículos on-line (6%).
Via: Correio Braziliense